Como deve ser: você
deve direcionar as perguntas de tal forma que possibilite o paciente a descrever os
sintomas com a maior riqueza de
detalhes possíveis.
1ª
pergunta: Que dia é hoje?
Objetivo:
avaliar
a orientação alopsíquica.
2ª
pergunta: Onde você está?
Objetivo:
o
mesmo da pergunta anterior.
3ª pergunta: Você pode falar o seu nome pra turma? (Se você achar que não tem necessidade, você pode pular essa
pergunta)
Objetivo:
avaliar
a orientação autopsíquica.
O que o levou a ser internado na Pax?
Objetivo:
identificar os sintomas desta internação
Talvez seja necessário mais
de uma pergunta para identificar quais são os sintomas.
Uma
vez identificado QUAIS são os sintomas você vai repetir, de forma
sucinta, o que a paciente te disse e em seguida, você vai perguntar sobre o
SINTOMA 1:
Perguntas sobre o SINTOMA
1:
Fulana de tal, a senhora me
disse que antes desta internação você apresentou os SINTOMAS 1, 2, 3 e 4.
Agora, eu gostaria de falar um pouco mais sobre o SINTOMA 1. Você pode me descrever melhor como é o SINTOMA 1? (Foque
na internação atual)
Como
você reage ao SINTOMA 1?
Qual
é o impacto do SINTOMA 1 na sua
relação com seus amigos, familiares e
parceiros amorosos?
O
que estava acontecendo na sua vida quando você teve o SINTOMA 1?
Qual
é o impacto do SINTOMA 1 nas suas atividades diárias?
Você
está tendo o SINTOMA 1 agora?
Perguntas
do SINTOMA 2, 3, 4 ...: as mesmas do
SINTOMA 1
Quando
você terminar as perguntas do SINTOMA 1, você vai começar as do SINTOMA 2 da
seguinte forma:
Fulana de Tal, você acabou
de me falar muitas coisas sobre o SINTOMA 1. Durante suas respostas você me
falou de outros comportamentos que a senhora teve: SINTOMA 2, 3 e 4. Eu
gostaria de falar um pouco mais sobre o SINTOMA 2 agora. Você pode me descrever melhor como é o SINTOMA 2? (Foque
na internação atual) (...)
Você
deve fazer o mesmo com os sintomas 3 e 4.
Depois
desta descrição da crise atual, você vai perguntar se teve alguma outra vez na
vida da paciente em que ela apresentou comportamentos semelhantes aos sintomas
1, 2, 3 e 4.
Se
ela disser que sim, você vai perguntar qual foi a primeira vez que ela apresentou esses comportamentos.
Agora
você vai pesquisar quanto tempo que os
sintomas duraram e a evolução dos mesmos.
Para
finalizar a entrevista, pergunte à paciente o que ela pretende fazer ao sair da
clínica.
DICAS:
1) As perguntas devem seguir
uma sequência lógica!!! (Se você fizer perguntas aleatórias, a
entrevista vai ficar confusa e ninguém vai entender nada, muito menos você.)
2) Lembre-se da pergunta que
você fez!!! (Acontece de você fazer uma
pergunta e o paciente te dar uma resposta muito longa. Quando isso acontece, a
tendência é a de você esquecer a pergunta que você fez no começo e ai de duas
uma: ou você vai ficar perdido sem saber o que perguntar pro paciente ou você
vai fazer uma pergunta baseado na última coisa que o paciente te falou. As duas
alternativas são ruins porque nestes dois casos quem está conduzindo a
entrevista é o paciente)
Como
não se esquecer da pergunta que você fez:
a) Escreva
em um papel uma palavra que resuma o objetivo da sua pergunta (Palavra-resumo).
Por exemplo:
Entrevistador: O que aconteceu que você está internado
na Pax?
Objetivo da pergunta: saber
os sintomas da crise atual
Palavra-resumo: SINTOMAS
(Quais?)
b) Quando
a pessoa terminar de dar a resposta. Você vai olhar no papel a Palavra-resumo e
se você ficar satisfeito com a resposta dada pelo paciente, então você vai
riscar a palavra-resumo e já vai fazer outra pergunta que tenha a ver com os
objetivos gerais da entrevista.
3) Antes de começar a
entrevista, faça um roteiro com as Palavras-Resumos. Ai
você vai fazendo as perguntas baseado nessas palavras-resumos.
4)
Não
deixe o paciente conduzir a entrevista.
5)
Reconduzir
o paciente para a pergunta, caso este comece a falar sobre coisas que não tem a
ver com o que foi perguntado.
Como
reconduzir o paciente quando ele começa a dar a resposta e depois divaga:
quando o paciente der uma pausa pra respirar, você confirma o caso que o
paciente estava te contando e em seguida, você diz que fez a pergunta X pra
ele, que ele deu a resposta B e que você gostaria de saber se tem mais alguma
coisa que ele gostaria de falar relativo a pergunta X.
Por exemplo:
Entrevistador: Você me contou que você tem comprado
muitas coisas nos últimos tempos, principalmente roupas, sapatos e presentes. O
fato de você estar comprando muito tem trazido algum impacto na sua vida?
Paciente: Nossa! Demais, né? Com esse negócio de
comprar muito eu comecei a ter dívidas, meu nome foi pro SPC, pra você ter uma
noção. No começo a minha mãe estava me emprestando dinheiro, mas depois ela
parou... eu já te falei como é a minha mãe? Ela sempre faz isso comigo, ela
sempre me poda. A minha mãe implica comigo só porque eu sou mais bonita do que
ela. Ela tem inveja de mim, sempre teve! Uma vez, quando eu era adolescente,
ela começou a implicar com o meu cabelo e me obrigou a cortar o cabelo
curtinho, igual de joaozinho, sendo que eu não queria... (pausa pra respirar)
Entrevistador: Entendi, Fulana. Você está falando que
quando você era criança a sua mãe te obrigou a cortar o cabelo contra a sua
vontade. De fato é muito ruim quando alguém nos obriga a fazer algo que a gente
não quer fazer (Confirmação). Mas você se lembra
que eu te perguntei se o fato de você estar comprando muito tem trazido algum
impacto na sua vida? Então... você começou me dizendo que sim, que inclusive o
seu nome foi parar no SPC. Tem mais algum impacto que você notou na sua vida
após você ter começado a comprar muitas coisas?
Como
conduzir o paciente que não dá a resposta e só divaga: Confirma
o caso que o paciente está te contando e em seguida relembre a pergunta que foi
feita. Se ele divagar de novo, tudo bem! Pelo menos ele agora sabe que está
divagando, esta foi uma escolha dele e isso provavelmente é um sintoma ou tem a
ver com algum sintoma dele. Nesse caso, deixe ele divagar um pouco e faça outra
pergunta que seja relevante para compreender o quadro dele.
6) O
paciente vai te contar um monte de casos, não se perca nos casos!!!
(Caso é tudo aquilo que ou não tem a ver com o quadro clínico do paciente ou
até tem a ver, mas o paciente começa a dar detalhes irrelevantes.)
(Cuidado com os casos,
principalmente quando eles despertarem interesse e curiosidade!!)
Por exemplo:
Entrevistador: Você me disse que nos últimos tempos
você tem feito sexo com maior frequência e com parceiros sexuais diferentes. Com
que frequência você tem feito sexo?
Paciente: Ahh... sabe como é, né? Eu costumo
fazer sexo depois do expediente, depois das seis da tarde. Aí quando dá meia
noite, eu já transei com uns quatro caras e já estou muito cansada. No dia
seguinte, eu acordo pronta! Mas quer saber, às vezes, ao invés de usar minhas
duas horas que eu tenho pra almoçar, eu uso esse tempo pra transar. Eu já até
transei durante o expediente. Foi assim, o meu colega de trabalho, vivia dando
em cima de mim, aí teve um dia que eu fui beber água e ele também foi, aí a
gente se olhou e eu disse pra ele me encontrar na sala de depósitos da empresa.
Aí nós fomos pra lá e... (Aqui já deu pra entender que a frequência é alta, não
há necessidade de incentivá-la a prosseguir nessa resposta, até porque se
deixar ela vai ficar a entrevista inteira te contando os casos e os detalhes de
cada um deles, sendo que esses detalhes não vão te ajudar a compreender o
quadro clínico dela).
7) O
paciente pode te contar um monte opiniões pessoais sobre vários assuntos. Não
se percam nisso!!! (Principalmente se eles começarem a falar
sobre um assunto que você tem muito interesse)
Exemplo:
Entrevistador: Você comentou que tinha algumas coisas
que você sentia prazer em fazer e que agora já não sente mais. Quais coisas são
essas?
Paciente: Ah, eu gostava muito de escutar música,
tocar violão, sair com meus amigos, tomar uma cervejinha.. Ah... eu amava
futebol! Domingo e quarta eram dias sagrados. Eu sempre assistia aos jogos. Mas
nem disso eu tenho gostado ultimamente. Eu estou muito decepcionado com o
futebol, a CBF não tem escrúpulos, eles só pensam em dinheiro. O futebol já não
é mais jogado pelo prazer, mas sim pelo dinheiro. Os jogadores viraram
produtos, os times viraram produtos... (Aqui já deu pra entender quais foram as
coisas que ele perdeu o interesse. Se você deixar o paciente vai ficar a entrevista
inteira falando sobre a opinião dele em relação ao futebol).
8) Repetir de forma sucinta o
que o paciente acabou de dizer pode ser uma boa técnica,
principalmente nos seguintes casos:
a) Quando
o paciente se perde e começa a dar uma resposta muito longa e com muitas
informações (nesse caso, quando você repete você ajuda o paciente a se
organizar melhor em relação ao que ele acabou de dizer)
b) Quando
você ficar perdido na resposta do paciente (ai quando você repete, você pode
organizar melhor suas ideias e, caso seja necessário, você pede para o paciente
te descrever melhor aquilo que você não entendeu)
9)
Não entrevistem
paciente em estado psicótico por um tempo maior do que o necessário. É
muito importante entrevistar esse paciente, principalmente para você poder
identificar quais são os sintomas que ele está apresentando, bem como as formas
e os conteúdos dos mesmos. No entanto, é quase impossível entender a evolução
do quadro do paciente só com a entrevista que você fez com ele. Nesses casos,
ENTREVISTE OS FAMILIARES (de preferência mais de um). (Essa dica é válida para a entrevista feita
com o paciente antes da apresentação do trabalho)
Nenhum comentário:
Postar um comentário